Aves de corte / Manejo e clima podem aumentar incidência de micotoxinas na avicultura, defende o especialista

Felipe Bastos é Médico Veterinário, Mestre em Ciência Veterinária com foco em nutrição de aves e Doutor em Biociência Animal, também com foco em nutrição de aves, e atua como Consultor Técnico Comercial da Agroceres Multimix Nutrição Animal.

Por Felipe Bastos

A contaminação por micotoxinas é um dos principais desafios da avicultura. A ocorrência destas substâncias tóxicas em matérias-primas para ração de aves pode levar a perda de produtividade do plantel e até a morte dos animais em casos extremos. No Brasil, as condições climáticas podem potencializar o desenvolvimento de fungos, defende o médico veterinário especialista em micotoxinas e consultor técnico da Agroceres Multimix, Felipe Bastos.

“Como a temperatura e a umidade são fatores fundamentais para o crescimento fúngico, e assim para a produção de micotoxinas, o clima tem um papel muito importante. Levantamentos mostram que existe uma grande variação nos níveis de contaminação de um ano para o outro por causa da diferença nas condições climáticas”.

O especialista também alerta para os riscos de incidência durante o transporte e a armazenagem dos grãos. “Imagine um milho que foi plantado, produzido e armazenado na região sul e é transportado para uma empresa avícola no nordeste Brasileiro. Agora pense na variação térmica do transporte ao armazenamento e fabricação da ração no seu destino final. O risco de incidência de fungos é bastante preocupante e, como ainda não existe nenhum procedimento para a descontaminação, a maior parte das micotoxinas presentes durante a colheita de uma cultura chega ao consumo das aves e outros animais”.

Controle e prevenção
O controle depende de diversos fatores, que vão desde a escolha da semente, passando pelo preparo da terra para o plantio até o momento de fabricação da ração na granja. Mas o controle do crescimento fúngico é muito importante em todas as fases, assim como a detecção de ingredientes de ração contaminados é a principal defesa contra as micotoxinas, possibilitando que os ingredientes afetados sejam rejeitados e substituídos, além da inclusão de inibidores do crescimento dos fungos e a diminuição da produção de toxina.

Com o crescente problema da contaminação por micotoxinas, o especialista defende o uso de adsorventes nutricionalmente inertes em dietas de frangos. “O sistema ideal para detoxificar as rações animais deve levar em consideração não somente a redução das micotoxinas, mas também que haja produtos de degradação tóxica ou capaz de reduzir o valor nutritivo dos alimentos tratados”.

Os adsorventes de micotoxinas para ração são a tecnologia mais utilizada na prevenção de micotoxicoses em animais. Estes produtos se ligam às micotoxinas e faz com que elas sejam excretadas, impedindo a absorção pelo organismo dos animais. “Um adsorvente eficiente é aquele que previne ou limita a absorção de micotoxina do trato gastrointestinal do animal, além de estar livres de impurezas e odores. Alguns produtos estão se consolidando no mercado por sua eficiência e por estarem muito bem trabalhados. Como sabemos, as micotoxinas são geralmente encontradas em combinações em rações completas para animais”.

O especialista alerta que já existe no mercado adsorventes que combatem as três principais classes de micotoxinas, como a aflatoxina, a fumonisina e a zearalenona. Estes produtos são extremamente puros, além de ter a granulometria mais fina do mercado, o que significa uma eficiência muito maior em função de atingir maior área de superfície de contato.

* Teor de umidade próximo de 12%,
* Umidade relativa abaixo de 60%
* Temperatura de armazenamento abaixo de 20°C
* Analisar cada carga recebida
* Ter boa peneira na fábrica
* Limpar os grãos, evitando os quebrados, carunchados e ardidos
* Ter um sério e eficiente controle de insetos e roedores
* Evitar que o grão seja exposto a condições extremas como: geada, calor e alterações de pH
* Usar um bom adsorvente de micotoxinas em todas as fases de produção.